Movimento da Escola Moderna


APRESENTAÇÃO DO MODELO PEDAGÓGICO DO MEM

Modelo Pedagógico do Movimento da Escola Moderna



A cultura democrática para mim é a palavra chave do MEM, uma vez que todos os propósitos deste modelo pedagógico visam valores inerentes ao conceito de democracia, como é o sentido de partilha, de diálogo, de negociação, de inclusão, de sentido crítico e de LIBERDADE. São valores que acompanharão a criança no decorrer da sua vida e determinantes na formação da sua personalidade. “As crianças de hoje, serão os HOMENS de amanhã” e se esses valores forem apreendidos por estas teremos com certeza um mundo muito melhor.

O papel ativo que a criança assume é para mim um dos aspetos mais relevantes e inovadores desta metodologia. O envolvimento, a co-responsabilização e a plena participação da criança na gestão da vida em grupo e na gestão das suas aprendizagens confere  à criança aptidões que serão fundamentais ao longo da sua vida, como sendo o desenvolvimento de um espírito crítico, a capacidade de decisão/escolha, a capacidade de se auto-formar, a busca e o gosto pelo saber e o à-vontade para comunicar e partilhar os seus saberes.


O MEM no Pré-Escolar



Os princípios da cooperação, da partilha e da interajuda são também aspetos que considero que se destacam na metodologia do MEM.
Todo o ambiente educativo é organizado pelas crianças e pelo educador e tudo é negociado, nada é imposto.
É dada grande importância aos saberes e ás vivências de cada criança, servindo estas de base às novas aprendizagens.
Cada criança desempenha um papel ativo na busca de saberes que têm significado para ela, permitindo uma melhor consciência da apropriação do conhecimento.
A cooperação e a interajuda está presente em todos os aspetos da vida escolar e sobretudo no desenvolvimento de atividades e projetos.
A comunicação das descobertas confere sentido às aprendizagens realizadas e permite a partilha de saberes, o que confere motivação á criança e permite que esta melhor assimile o que aprendeu.

ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO EDUCATIVO

No MEM toda a organização do grupo, do espaço, dos materiais e do tempo é negociada com as crianças o que permite que estas interiorizem e façam parte dessa mesma organização.
Esta organização negociada permite que as crianças se tornem mais autónomas, capazes de agir e interagir no espaço e no tempo, que se organizem e que sejam capazes de gerir as suas atividades/projetos e a própria dinâmica do grupo.
Do ponto de vista do educador é precisamente através desta organização partilhada que o educador promove os princípios que estão inerentes ao MEM. 


Áreas de Atividades:

  • Biblioteca e Documentação
  • Oficina da Escrita e Reprodução
  • Laboratório de Ciências e Experiências
  • Construções “oficina; fábrica” 
  • Atividades Plásticas e Expressões Artísticas 
  • Faz de Conta 
  • Jogos: de mesa e construções 
  • Uma área central para trabalho coletivo, polivalente.

1 – Biblioteca e Documentação Centro de documentação

Materiais: tapete com almofadas

Utilidade: Consulta de documentos, livros e revistas, trabalhos produzidos pelas crianças. Serve de apoio a projectos a realizar


2 – Oficina da Escrita e Reprodução

Materiais: máquina de escrever, prensa de Freinet ou computador com impressora, limógrafo, ou outro material de reprodução de textos e de ilustração.

Utilidade: exposição de textos (noticias), textos do educador, tentativas de pré-escrita e escrita.


3 – Laboratório de Ciências e Experiências


Materiais: balança, medidas de capacidade, metro, ficheiros ilustrados, mapa do tempo, registo de observações, resolução de problemas.

Utilidade: medições, pesagens livres ou aplicadas, criação e observação de animais, roteiros de experiências nos mapas.


4 – Construções: “oficina; fábrica”


Utilidade: Produção de construções várias, ex: maquetas ou instrumentos musicais.


5 – Atividades Plásticas +Expressões Artísticas


Materiais: de pintura, desenho, modelagem, recorte, tapeçaria.


6 – Faz de Conta
Utilidade: atividades do faz de conta, jogos tradicionais de sala, projetos de representação dramática.

Materiais: guarda-roupa e adereços diversos


7 – Jogos: de mesa e construções

Utilidade: construções na manta em 3D e jogos de mesa

Materiais: legos, pistas, animais, peças de encaixe, parafusos…



8 - Cozinha:

Nota: No caso de não existir uma cozinha, esta poderá ser mais uma área a ser criada e montada.

Utilidade: Expõem regras de higiene alimentar, normas sociais de estar à mesa.
Materiais: livro de receitas para crianças, utensílios básicos para a confeção de alimentos.


9 - Área Polivalente

É uma área de acolhimento, conselho, comunicações, encontros.

Materiais: Conjunto de mesas e cadeiras

Utilidade: Serve de suporte para atividades de pequenos grupos e trabalhos individuais.

Instrumentos de Pilotagem:

  • Plano de Atividades 
  • Lista Semanal de Projetos 
  • Quadro Semanal das Tarefas 
  • Mapa de Presenças 
  • Diário de Grupo 
Os instrumentos de pilotagem são uma preciosa ajuda á organização do grupo, do espaço, dos materiais e do tempo. Estes permitem que a criança adquira consciência sobre o seu papel no grupo, o sentido de pertença ao grupo, a sua participação na vida social do grupo, ajuda a planificar, a regular e a avaliar as aprendizagens.
Para o educador estes instrumentos  ajudam na organização da vida do grupo, permitem conferir autonomia às crianças e são ótimos indicadores de avaliação para intervenção.

Mapa de Atividades

O mapa de atividades – é um quadro de dupla entrada com:
Nomes:
Atividades:
  • Desenho 
  • Biblioteca 
  • Pintura 
  • Escrita 
  • Jogos 
  • Faz de Conta 


Lista semanal de projetos

  • Nome do Projeto
  • Nome da Criança 
  • Duração 


Projeto – é uma cadeia de atividades, com a intenção de responder a um problema. Surge essencialmente no período de acolhimento, das notícias.
Planificação dos projetos:
  • Formulação
  • Balanço diagnóstico
  • Divisão e Distribuição do trabalho
  • Realização do trabalho
  • Comunicação



A comunicação das aprendizagens consiste na  apresentação de um produto construído individualmente ou em pequenos grupos que só ganha sentido social e pessoal quando partilhado com os outros. É desta partilha de saberes que as produções ganham significado, que surge a aprendizagem e o gosto pelo comunicar. 


Quadro semanal das tarefas



Diária:

  • de manhã – plano do dia
  • fim da manhã – comunicações 
  • fim do dia – avaliação da atividade diária 


Semanal - 
tarde de 6ª feira – regulação sócio-moral:
  • avaliação 
  • planificação


Mapa mensal de presenças




Mapa mensal do tempo





Inventários do material das áreas





Diário de Grupo - ajuda a caminhar da avaliação para o planeamento



O Diário é de escrita livre durante qualquer período do dia ou da semana.

O Educador apenas serve de secretário, quando necessário…

O Diário é o instrumento onde se escreve e ajuda a não esquecer nada. 


O CONCELHO

É na tarde de sexta-feira que se arrumam os trabalhos; vê-se e fala-se sobre quem mais trabalhou e se alguém precisa de ajuda; verifica-se o que se fez e o que ainda está por fazer.

Fazem-se as pazes, se alguém ainda está zangado e combinam-se as regras para viver melhor.

Analisa-se o Diário de Grupo:

  • Lê-se cada ponto do diário; o autor explicita
  • Têm a palavra os visados para falar das coisas
  • Fala-se nas possíveis consequências e que fazer para requalificar, reparar ou melhorar a ação
  • Estabelecem-se regras e escrevem-se para serem interiorizadas


Função:
Falar das coisas para aprender a raciocinar moralmente…aprender a emitir juizos de valor




O conselho de cooperação e o diário de grupo são para mim um dos aspetos mais relevantes e inovadores da metodologia do MEM, pois é o que regula toda a vida social do grupo, no fundo é a força motriz de toda a dinâmica grupal e fomentadora da cultura democrática e dos valores da partilha, da cooperação e da solidariedade. Promovem a democracia, o espírito crítico, os juízos de valor e as tomadas de decisões.

TEMPO DE ANIMAÇÃO CULTURAL

Tempo de animação cultural é, em minha opinião, um dos aspetos mais relevantes e inovadores da metodologia do MEM, uma vez que é um meio privilegiado para difusão da cultura da comunidade onde estamos inseridos oferecendo inúmeras oportunidades de vivenciar, conhecer e contactar com as tradições, os usos, os costumes, as pessoas, enfim, com o meio que nos rodeia. Destaco aqui as visitas da família ou de elementos da comunidade e as visitas de estudo, que são fontes riquíssimas de partilha de cultura.

Mapa de inscrição para as tardes culturais:



O MEM E VYGOTSKY


A aprendizagem surge das interações socioculturais, não é fomentada pelo professor mas sim pela comunicação e pelas trocas de saberes e experiências entre os elementos do grupo, pelos problemas do grupo e da comunidade.
O MEM tal como defende Vigotsky, entende que a criança aprende melhor na interação com os seus pares, com aqueles de idade mais próxima, que têm uma linguagem mais próxima da sua (zona de desenvolvimento próximal).
A comunicação assume um papel muito preponderante na construção das aprendizagens, uma vez que permite que as crianças falem sobre as suas vivências, partilhem os seus conhecimentos e dêem sentido às aprendizagens efetuadas.


AVALIAÇÃO FORMATIVA E COOPERAÇÃO


No MEM a avaliação é um processo constante e contínuo. Trata-se de uma politica de “avaliar para intervir”, onde criança e educador estão em constante aperfeiçoamento das suas práticas.
A criança à medida que explora, é encorajada a refletir e a avaliar o seu próprio trabalho e assim vai tomando consciência do percurso que está a fazer. Através do debates e dos balanços de grupo as crianças analisam o que fizeram e as suas progressões.
Não é o produto final que é avaliado mas sim o percurso efetuado numa determinada aprendizagem.


O MEM E AS ORIENTAÇÕES CURRICULARES PARA A EDUCAÇÃO PRÉ ESCOLAR


Tal como no MEM as Orientações Curriculares assentam em princípios de vida democrática, de partilha e de cooperação.
Valorizam as interações sociais como base do processo educativo e a necessidade de responder aos interesses das crianças.
O estabelecimento de rotinas educativas é também, como no MEM, visto como proporcionadoras de um ambiente securizante.
Tal como no MEM, as orientações Curriculares atribuem grande importância à interação com a família e com a comunidade, de forma a dar sentido social às aprendizagens efetuadas.



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